A culpa foi o nosso tema do último sábado, iniciando os novos dia e horário da reunião da Estação do Caminho em Salvador, que a partir de agora se reúne nos sábados às 18 hs.
Refletimos como a culpa, sendo gerada por ação direta ou indireta, pode gerar toda a espécie de males para a nossa vida e de como eles podem nos fazer relutados a aceitar uma vida apoiada, única e exclusivamente, na Graça de Deus. A culpa e o medo se opõem à Graça e a Paz.
Nesse sentido, o passado é a âncora que mais nos motiva à culpa. Coisas que fizemos, deixamos de fazer, escolhas feitas, não feitas, enfim, são os alimentadores do sentimento culposo que nos leva tão somente ao caminho da amargura e descontentamento contínuo. Uma paz que excede todo o entendimento não pode se deixar ser sentida por uma culpa que se retro-alimenta, já que ainda que se deseje ter paz, primeiramente o processo culposo deve ter seu fim para dar lugar a um processo contínuo de auto-aceitação.
Não sentir culpa, tendo motivo real para isso, gera psicopatas. No entanto, sentimento de culpa sem motivo para ela gera neurose e justiça própria. E nesse processo a religião se eterniza, alimentada pelas doenças da culpa que as pessoas carregam, gerando um processo de dependência eterna das ações meritórias e dos devidos atos de amainar a consciência, com pagamentos de qualquer espécie, desde dinheiro até a vida das pessoas.
Nossa motivação como grupo que se reúne em nome do Mestre é gerar essa reflexão: a minha culpa me impede de servir e viver plenamente todas as possibilidades da minha vida, com paz, benignidade e generosidade sempre? Tem sido essa culpa que me impede de ser hoje o que eu nunca fui por medo de fracassar, como supostamente fracassei no passado? Tem sido a culpa meu maior inimigo me impedindo de ter acesso à Graça e a Paz?
Pedro, quando disse que seguiria sempre a Jesus, no momento da ceia, ouviu deste: “Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”. Mais tarde, aconteceu conforme Jesus falou. Imagino que aquele homem, que andou com Jesus, comendo junto, sendo ensinado durante tanto tempo, no momento mais crucial do seu relacionamento com Ele, o nega e rejeita. Como se deu esse processo de culpa em Pedro? Talvez de uma forma que o impediu mesmo de presenciar a crucificação. No entanto, Jesus após ressuscitar cuida dessa culpa como somente Deus cuida: “Simão Pedro, tu me amas mais do que estes?” Ao que Pedro responde: “Sim, Senhor. Sabes que eu te amo” – também três vezes. Que Deus maravilhoso que não esquece nenhum detalhe. O homem que em um momento de equívoco nega três vezes aquele que ele reconheceu como “... o Cristo, Filho do Deus Vivente”, agora recebe desse mesmo gracioso Deus a oportunidade de três vezes confessá-lo diante de todos. Esse é o único modo de Deus tratar a culpa: Misericórdia e Graça. E, sem dúvida, é o modo que Deus quer que tratemos, seja essa a nossa própria culpa ou a de outrem.
Esse é o nosso intento: Que o homem saiba tratar sua culpa de forma que possa ser feliz e aceitar que o que nos acontece tem um propósito que só nós podemos escolher qual. Cabe a cada um de nós escolher a Graça e a Paz, rejeitando, a fim de termos vida, o Medo e a Culpa, em nome daquEle que se chama Pai da Misericórdia (2 Co 1.3).
Anderson Villaverde
0 comentários:
Postar um comentário