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Você é o Rei dos Judeus?

Hoje é sexta-feira. Para os judeus do mundo, essa semana serve para se lembrar e comemorar a passagem (Pesach) do povo judaico da escravidão do Egito para a terra que ‘mana leite e mel’.  Para os cristãos, hoje é dia de lembrar, com tristeza para uns e alegria para outros, o sacrifício vicário do ente histórico Jesus, que viria a ligar na história a cultura judaica com o resto do mundo cristão.

Essa pergunta – “Você é o Rei dos Judeus?” – feita por Pilatos a um ‘outro’ Jesus, menos conhecido na dita história humana, recebe a justa e coerente resposta dEle: “ Tu o dizes”. De fato os judeus procuravam outro tipo de rei.  Para os fariseus, um rei que lhes outorgasse o poder do bem e do mal pela mera observância minuciosa e fria das Escrituras, onde eles pudessem ser tudo o que de fato eram em sua maioria: um verdadeiro baile de máscaras.  Para os saduceus, um rei performático, que diante da Lei de Moisés mostrasse apenas o desejo de manutenção do rito religioso, sem qualquer preocupação em transcender a existência diante dos seus olhos, até porque, a transcendência revela um mundo, que espiritual sendo, leva-os à possibilidade terrível de encarar seus próprios desejos mesquinhos, que segundo esse Jesus, dá-lhes o poder de fazer prosélitos duas vezes mais merecedores do inferno do que eles. Para os zelotes, um rei que fosse um guerreiro, que não só derrubasse mesas de cambistas no pátio do Templo, mas empunhasse uma espada na mão e derrubasse Roma, fariseus, saduceus e todos os ‘inimigos de Israel’, assentando-se no Templo e reinando soberano sobre todo o povo.

Realmente, esse Jesus não servia para ser rei deles.

Essa pergunta, que era uma pergunta baseada nas expectativas de todos os outros – o povo, alguns dos líderes e até os discípulos – era reforçada por uma forte esperança de um reinado nos moldes mais conhecidos, ou seja, daquele que lutasse exclusivamente pelo ‘seu povo’.  Entretanto, o sacerdote Caifás lhe faz uma pergunta que soa mais direcionada ao que esse Jesus foi e fez, ao contrário do que as expectativas de todos geraram: “És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?”. Essa pergunta, contudo, exprime a real vontade do poder religioso de Israel naquele momento: eles não querem nenhum rei e nenhum Messias. Diante dessa pergunta, nenhuma outra resposta seria possível a não ser a que de fato responde contra todas as expectativas: “Eu o sou”.

Tendemos a querer o Jesus das nossas expectativas. O deus dos nossos sonhos. E esse Jesus, que estava disposto a renunciar um reino tangível e até mesmo sua vida, constantemente frustra nossas expectativas quando estas se firmam em torno de nós mesmos e da satisfação específica das nossas carências. O cálice da Aliança é a resposta de que Deus quer ser nosso Senhor para além de nossas expectativas, como ele sempre foi. Surpresa para anjos e potestades. Escândalo para judeus e religiosos. Loucura para gregos e instruídos. Esse é o único Jesus e essa é a nossa única páscoa: A passagem, de fato, para uma nova Vida, que permite viver um Deus para além de todas as expectativas.

22 de abril de 2011
Anderson Villaverde

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