Dois discípulos estão se afastando de Jerusalém, no caminho para Emaús. Enquanto vão, era domingo imediatamente posterior ao que tinha acontecido na sexta-feira da páscoa, quando Jesus tinha sido crucificado.
As esperanças deles tinham desvanecido. Havia muita dor, um sábado de profundo silencio, nostalgia, decepção, fraqueza, impotência e sensação de engano. Tinham seguido a Jesus por 03 anos e tudo acabou.
Eles tinham uma ideia de que o Reino de Deus apareceria de modo concreto, visível, e que Jesus tomaria o poder dos romanos, instituiria o governo de Deus sobre a terra. Esta era a expectativa de cada judeu, e os discípulos, por mais que Jesus dissesse o contrário...que não era deste mundo, que o Reino não vinha com visível aparência, que estava no coração dos homens, por mais que Jesus tivesse predito tudo o que lhe aconteceria, inclusive a ressurreição, AINDA ASSIM... o coração deles estava em choque.
Estes dois discípulos já tinham recebido notícias pela manhã, de que algumas mulheres tinham ido ao tumulo e voltaram com uma visão de anjos, de que Jesus vivia e a tumba estava vazia. Pedro e João também atestaram isso...viram os lençóis que pareciam ter sido atravessados, e somente um lenço estava num lugar à parte...
Pedro e João viram tudo e creram, por que a contemplação da situação já denotava um milagre.
Os do Caminho de Emaús, porém, tinham ouvido essas noticias, mas o peso do impacto, do desapontamento, se tornou tão forte que as informações não fizeram diferença e continuaram desapontados.
Lucas diz que enquanto conversavam o próprio Jesus se aproximou e ia com eles, mas os olhos os impediam de o reconhecer, e Jesus perguntou: o que vos preocupa? A resposta é pronta: "És o único que ignora as ocorrências dos últimos dias?".
Naquele instante, eles começaram a falar de Jesus para Jesus. Só que o Jesus do qual falavam era um Jesus morto. Isso nos faz pensar que às vezes ficamos tão traumatizados com determinadas experiências que chamamos de religiosa, embora não exista essa categoria no evangelho, visto que Jesus não fundou religião ou uma seita, esta é inegavelmente produto cultural humano.
Jesus veio ensinar o caminho, do perdão, do evangelho, da graça, do acolhimento em Deus, da segurança espiritual, da certeza de Salvação em Cristo, da confiança de que o escrito de dívida que havia contra nós foi cancelado em absoluto.
Só que o indivíduo pertence a grupos, vai experimentando coisas que ele chama de religiosas, desenvolve as próprias ideias e concepções a respeito de Jesus ou apreende aquelas que o grupo veicula como verdade e, não necessariamente, uma pessoa que pensa que está caminhando, discerniu a mensagem do Evangelho.
Este era o caso destes discípulos. Mesmo Jesus dizendo antes o que aconteceria, que o caminho dele era para a Cruz, que aquele momento não seria um acidente, que tudo estava no script divino, no instante crítico, eles esquecem tudo.
Para Jesus a Cruz era necessidade essencial do universo, na Cruz ele atrairia para si todos os pecados, maldições, desencontros da vida humana por que ele é o cordeiro de Deus, imolado antes da fundação do mundo e que se fez carne, se manifestou na historia, no tempo, no espaço, para que cada um tivesse consciência de que o processo de nossa existência está marcado de ambiguidades, morte, inseguranças, fraquezas e tropeços, mas que quando os olhos se abrem pela luz do Evangelho a gente entende que esta é uma grande oportunidade de estarmos aqui, para compreendermos nosso chamado que tem a ver com nos tornarmos semelhantes a Jesus, ao Jesus glorificado, replicando o seu viver aqui na terra conforme sua mensagem...andando com Ele em fé, experimentando na morte ou na ressurreição, que acontecerá por ocasião de sua volta, a transformação na imagem dele. Esta é a mensagem de Jesus.
Os discípulos vinham ouvindo tudo o que nós ouvimos. Aliás, a perspectiva deles era finita, a nossa, 2 mil anos depois, tendo todos os textos bíblicos e históricos à disposição, todos os estudos e descobertas arqueológicas seguintes, nos favorecem em termos de informação.
A mente deles estava fechada.
Caminhavam com Jesus por aquele caminho, mas não podiam reconhecê-lo, enxerga-lo de fato.
Pode ser que você ouça o evangelho, saiba de tudo, tenha convívio com a Palavra, mas o entendimento ainda esteja bloqueado, por interesses, preconceitos, pela incapacidade sua de se render a Deus, por que você acha que isso vai significar subtração de coisas em sua vida, entre elas sua liberdade, seus costumes, suas tradições, suas práticas aprendidas e um monte de coisas que ensinaram a você que é assim.
Lá no fundo você vai fazendo uma "social" com Jesus. Batiza-se, frequenta algum lugar, vai a reuniões, confessa-se um cristão, mas à semelhança dos discípulos, você criou seu próprio Jesus, e aí você fala de um Jesus para Jesus, que Jesus não conhece.
O Jesus que muitas vezes desenvolvemos não tem nada a ver com o Jesus verdadeiro, descrito no Evangelho. Nosso Jesus é quase sempre da religião, das doutrinas dos homens, um ser desfigurado, que em nada se assemelha a Jesus, mas quando não conhecemos a Jesus de fato, pensamos que esta projeção de ideias é Jesus.
Esses dois, do Caminho de Emaús, apesar de tudo o que já sabiam, não deram crédito. Caminhavam para suas cidades ao pôr do sol, quando Jesus se aproxima e faz aquela pergunta.
Talvez essa seja a sua sensação hoje. Talvez você tenha se decepcionado profundamente com Ele. Talvez pense que deu sua vida a Ele, mas a palavra dele não se cumpriu em sua vida.
E achei que era dele, me entreguei totalmente, mas tudo o que vislumbrei, projetei, não se cumpriu, as coisas foram de modo oposto, triste, eu caminhava esperando glória e encontrei Cruz, dificuldades.
Se esta é sua situação, é por que você está orando a Jesus, o informando acerca de um Jesus que ele não conhece e você está contando histórias para Jesus de um Jesus que Ele não sabe quem é.
Você vive impedido de reconhecer que é Jesus que está com você.
E pior, dando ideias a Jesus, como fizeram os disícpulos: "és tu o único que ignoras?" Nâo é por outra razão que Jesus pergunta: quais? Era eu! De quem estão falando? As noticias não são que eu fui crucificado, mas que eu ressuscitei. Eu estou vivo!
Está é a palavra hoje. Talvez seu coração esteja muito triste hoje, ainda que você disfarce isso nas reuniões de grupos, entre familiares, cantando muito, envolvido em muitas atividades, mil e um compromissos, MAS SÓ DEUS SABE QUE NO SEU CORAÇÃO JESUS ESTÁ MORTO.
Só ele sabe como dentro de você as esperanças se foram, você está envolvido, fala de muitas coisas, discute sobre ele, estuda sobre ele, tenta disseca-lo através do que você chama de teologia, mas tudo tem a ver com um Jesus morto. A maioria é assim...
Por isso vemos crentes dependendo tanto dos outros. Por isso dependem tanto de missionárias, pastores, profetas ou gurus. Por esta razão, entregam as suas vidas para que outros as conduzam, decidam o que fazer e o que não fazer, por isso buscam a outros como oráculos, por que dentro delas não carregam em si esta vitalidade, esta esperança que possui todo o que conhece a Jesus de verdade.
Às vezes a gente caminha falando de Deus pela vida e nossos olhos estão impedidos de ver a presença de Deus chegando. Por que temos ideias pré-concebidas. Fomos doutrinados na construção de um Deus que não existe, de um Deus que em sendo mencionado para Deus mesmo Ele diz: Não sei quem é.
Minha esperança é de que o Espírito Santo tire o véu de seu entendimento, e você discirna, que de fato você não sabe nada, que você carrega de Jesus um nome, um informe terceirizado, que lhe foi transmitido por outros, um epíteto, uma denominação simbólica e cultural, mas você mesmo não teve sua experiência de fé, de crer na palavra dEle que o descreve como ele é, da experiência em você mesmo em atestar de que Ele vive.
O evangelho esta dizendo que quando a gente anda com uma predisposição mental acerca de Jesus, a gente não o reconhece quando Ele se manifesta.
Jesus se aproxima, anda com eles, mas Lucas diz que os olhos deles estavam vendados, blindados, por causa da pré-concepção, por que achavam que sabiam tudo, e tanto achavam, que quando Jesus pergunta do que estavam tratando a resposta deles é dura e brava. Eles retrucam e passam a relatar tudo o que julgavam saber sobre Jesus.
Era ele que nós esperávamos. Acreditávamos que Ele iria redimir a Israel. É verdade que algumas mulheres o viram no túmulo, que outros discípulos também tiveram visões, mas, para nós, está tudo acabado.
Isso mostra como as pré-concepções tem um poder de determinar em nós esse tipo de impressão.
Muito do que nos foi ensinado nem sempre tem a ver com Deus. São somente impressões herdadas, ideias pré-concebidas, apreendidas no curso da vida e elevadas ao patamar de inatacáveis em razão do tempo.
Hoje é o dia de você se abrir para ter experiências com Ele, agasalhar-se nele, deixar que Ele se revele inteiramente para você.
Permita que uma leitura simples do Evangelho apresente Jesus tal qual Ele é. Refiro-me a uma leitura desprovida das influências laterais, das referências explicativas das versões bíblicas, das notas de rodapé ou dos dicionários teológicos.
Deixe Jesus falar dEle mesmo, nos Evangelhos.
(Trechos da mensagem pregada no Caminho da Graça, Estação Salvador em 28.06.2014 – Romualdo Junior)

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