O princípio do fruto segundo a árvore - Lc 6:43

"Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca"

Esta é uma daquelas porções do evangelho que apesar de simples, carregam verdades irreplicáveis.

Não cabem ajustes ou reparos, não há contestações possíveis à fala de Jesus. É possível que o indivíduo a rejeite, mas não por sua procedência, não por que não é bom ou verdadeiro, mas por que não se quer aceitar.

A equação é objetivamente determinada: não se deve esperar de espinheiros que deem figos, nem que de abrolhos nasçam uvas.  Jesus diz que Cada Árvore é conhecida por seu próprio fruto. Se lhe apresentarem um fruto você será capaz de dizer a que árvore pertence. Você só precisa conhecer o fruto, não a árvore.

Jesus segue este raciocínio dizendo: "o homem bom, do tesouro bom do coração retira o bem...o homem mau, do seu mau tesouro retira o mau".

Esta é uma metáfora que faz uma aplicação à nossa realidade. Jesus usou um princípio da natureza para dizer que como é na natureza assim também é em cada ser humano.

Assim como é quanto a figos e uvas, é assim também quanto a amor e misericórdia.

Assim como é quanto a espinheiros, é assim com relação ao ódio, a amargura, a disposição negativa. Assim como é em relação ao fruto bom é em relação ao fruto mal.

A fala de Jesus nos remete a nós mesmos, tem a ver com o campo, com a terra dentro de nós, com o chão de existência pessoal. Isso é tudo tão óbvio que  ele aplica à vida da gente.  E Se tem a ver com a vida...

O que Jesus quer nos dizer hoje?

O que Jesus está dizendo é suficiente para desmascarar, fulminar todo engano, todo brotinho que seja de autoengano, todas as nossas falsificações, todas as nossas desculpas, todos os nossos álibis. Por que?

Por que a maioria das pessoas deseja encontrar soluções ou remédios para seus problemas na vida, entretanto, a maioria está interessada em saber primeiro como fazer para que suas vidas não sofra nenhuma alteração na natureza do ser.

Estão preocupadas, prioritariamente, que nada se converta dentro delas, que processo algum se altere. Elas desejam que suas mentes fiquem exatamente como são, que não se toque nos vícios mentais, que preservem os mesmos direitos falsos, as mesmas suposições egoístas, as mesmas manias de razões perversas, com as mesmas intenções obstinadas de não encontrar a verdade, mas apenas de se impor sobre os outros.

A maioria vive assim e se pergunta por que a vida se tornou um terreno de cardos, de espinheiros, por que a vida se transformou num jardim de cactos, árida, espinhosa.

Querem saber os porquês e semeiam ódio, rancor, inimizade, inveja, vaidades, arrogância, atitude hostil, paranoica, cheia de suspeição, desconfiada, crítica, COM UM PROCESSO MENTAL QUE INTERPRETA TUDO DE MODO PERVERSO E RUIM.

Vivem com uma atitude existencial de quem se aproxima do outro tentando saber como se aproveitar, como podem tirar, como podem usurpar da construção intelectual do outro, do know-how de trabalho do próximo, das amizades e contatos de que o outro desfruta...

Levam no coração esse campo vibratório, essa dimensão energética de amarguras e ódios, semeados com essas sementes que são correspondentes aos frutos que produzem e depois se questionam sobre os rumos de suas próprias vidas como se o produto da equação não tivesse qualquer relação com o resultado.

Concebem equações de morte, mas esperam que em última instância possam colher vida.

Por que tudo dá errado? Por que só encontro mulheres levianas, por que só homens cafajestes se aproximam de mim? Por que só me associo, e descubro que fiz vínculos, com canalhas?

Por que minha vida não vai a lugar nenhum apesar de todo esforço?

Não é difícil perceber qual a base da vida de pessoas assim. Vê-se logo que o quanto o chão é pedregoso, seco, árido. Daí, conclui-se que a semente não está mentindo.

A semente não pode mentir. O que eles são vaza, vomitam cedo ou tarde, se não mudarem a disposição do coração.

A semente do ser deles conta a verdade sobre eles por que ninguém falsifica a própria semente interior.

O que planto em mim é o que vai aparecer. A semente que semeio em mim dará o fruto correspondente. O fruto será sempre correspondente ao que tenho dentro de mim.

Por que os sustos? Não há razões para surpresas.

Somente um indivíduo numa atitude suicida, sem o devido manejo de suas faculdades mentais, numa atitude de autoengano, pode semear discórdia, ódio, raiva, inimizade, esperteza, malandragem, desconfiança, deslealdade, traição, adultério, infidelidade, malícia no olhar, e toda sorte de coisas ruins e ficar, ainda assim, com a expectativa de que a vida vai conspirar a seu favor.

Ora, você semeia frivolidade, hedonismo, você busca o prazer pelo prazer, irresponsavelmente, você toca de modo inconsequente suas relações e as relações são tratadas de maneira descartável por você.

Lida-se com imaturidade com as próprias escolhas, não se tem coragem de assumir compromissos que ensejem firmeza e signifiquem uma construção duradoura na vida, cultiva-se uma conduta rigorosa até quanto aqueles a quem você diz amar, oferece-se desprezo pelos que o amam, sentenciam com abandono e indiferença os que você prometeu cuidar e, apesar de tudo isso, ainda insiste em esperar que a vida lhe seja favorável?

A frase famosa de Paulo Coelho de que se você tem um sonho o universo inteiro vai conspirar a seu favor, diante da verdade das palavras de Jesus, não passa de licença poética.

Se o seu sonho é mal, egoísta, se usa como artifício a ilegalidade, a corrupção, o universo inteiro vai conspirar em favor de sua maldade e os frutos serão perversos e ruins.

Você pode até crescer muito se tiver esse sonho-pesadelo. Até pode realizar o desejo de presidir sobre os outros, de ter os seus vassalos, de impor a sua vontade sobre os demais, de ser objeto da glorificação de muitos, de se sentir oráculo de Deus para o próximo. Este sonho narcisista, megalomaníaco, pode leva-lo a construir um império, mas o seu fruto será mal.

Seus filhos serão fracos, o coração deles não vai aprender o carinho, o amor, a ternura. Sua mulher, na melhor das hipóteses vai ter medo de você, mas amor, respeito, carinho, admiração? Dela não vai receber.

Quem semeia tais desatinos do coração não pode conceder a si mesmo o benefício da surpresa, da estupefação, do susto.

É simples: VOCÊ VAI COLHER CONFORME O QUE ESTÁ PLANTANDO, SEM APELAÇÃO.

Pode demorar, pode tardar, dar aquela impressão de que vai passar incólume, de que encontrou um escape, de que é exceção, de que os outros se dão mal por que são bobos, idiotas, não sabem fazer, e pode até achar que está aqui para quebrar essa regra e que com você será diferente.

Não são poucos o que se semeiam toneladas de perversidade, constroem silos e galpões de sementes amargas, tem os cabelos embranquecidos pelo tempo e concluem: fui uma exceção!

E o indivíduo só não sabe que aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Que o bumerangue volta na cara dele, por que tão certo como mandacarus não dão uvas e tão certo como as videiras não dão espinhos, assim também dessa vida onde o plantio é de amargura, de divisão, de infidelidade, de canalhice, vigarice, mentira, ódio, rancores, presunção de ser, enquanto se constrói uma realidade disfarçada e perversa, a colheita vai ser correspondente a tudo o que se plantou.

A colheita pode ser no marido, na esposa, nos filhos, na descendência toda, em qualquer âmbito. Aja assim e descobrirá que você será sua própria profecia e profeta.

É tempo de parar com a ilusão, com a hipocrisia, de ficar fazendo perguntas aos céus: por que logo comigo?

É tempo de mudar a semente no coração. Existe a chance desse coração ser regado, adubado, umedecido, semeado de boas coisas para produzir boas coisas, para colher fruto bom, ou então você pode continuar do jeito que está e o resultado não será bom.

O Espírito Santo nos oferece a chance de acordarmos, de cairmos em nós mesmos, de parar de se enganar...de deixar as fantasia suicidas de lado.

E você pergunta: como mudo esse processo? Esse processo muda com a interferência do Espírito quando a consciência da gente acorda

Mas há algo a fazer para iniciar isso em você. Jesus diz que a boca fala do que está cheio o coração.

Por que não mudar seus processos verbais que equivalem aos processos mentais, aos pensamentos e suas construções mais profundas?

Comece a mudar o pensamento ao contrário, por que um pensamento viciado é difícil mudar. Você tem que mudar ao contrário, comece a se ouvir falando o que é bom, contra os vícios das maquinações interiores.

Comece reeducando a sua mente toda, confessando o que é bom.

Peça ao Espírito Santo para fazer a maior confissão que se pode fazer com a boca. Deixe a boca falar, o coração vazar o seguinte desejo: Senhor Jesus, muda meu coração, ajuda-me a mudar a sementes que tenho plantado, ajuda-me a semear o melhor em mim, para que o fruto de minha existência seja fruto de vida, do bem, de Deus e assim me torne gente boa de Deus na terra, que eu fale coisa boas por que meu coração estará impregnado delas.

Que eu faça e pense o bem, por que esta é a semente que escolhi cultivar em mim.

Romualdo Junior

 

Mensagem pregada no Culto no Caminho da Graça em 07.06.2014