As reuniões do Caminho em Salvador acontecem aos DOMINGOS às 18:30 hs no auditório do Centro Médico da Pituba. Fica na Alameda Benevento, 405, antes da Escola Colméia, na Pituba. Vem e Vê!


Feridas como Salvação

Uma ferida é, pela classificação médica, uma interrupção do tecido corpóreo. Nesse sentido, ela está diretamente ligada a um trauma ou qualquer ação de agente externo.

Entretanto, as feridas do corpo, ou seja, tangíveis, podem se assimilar com aqueles que adquirimos diante dos traumas psicológicos, pois tanto na alma como no corpo as interrupções deixam marcas.

As marcas da ferida, os estigmas, são parte integrante do ser humano. A vida é composta, inexoravelmente, pelas incidências da existência, de forma que cada pessoa tem na sua constituição as marcas de ações externas compondo seu caminho e percepção do mundo.

Conforme mencionado pelo querido Edivan, na última reunião do Caminho da Graça em Salvador, a idéia dos estigmas como formadores da concepção, constituição e condição humana nessa Terra são tensamente presentes. Foi citado o texto do Evangelho de Mateus, no capítulo 11, onde os estigmas demonstram que, independente da sua presença, o olhar é que constitui bem ou mal a elas. Primeiro, Jesus recebe os mensageiros do João Batista, que questiona se Jesus era Aquele que deveria chegar. Havia uma dúvida. Havia uma pré-ocupação. Diante da qual, Jesus apenas demonstra que os sinais respondem mais do que a mera confirmação diante das inquietações de João. Logo após, Jesus se volta a seus ouvintes e questiona sobre o olhar deles de João Batista. Claramente, Jesus trata dos estigmas de um povo que aguardam a mudança de paradigma de sua condição, esperando pelo poder restaurador do Messias, sem, no entanto, deixar de possuir os estigmas de gente que esperou bastante e se deparou com muitas decepções.

- O que fostes ver no deserto? Um caniço sacudido pelo vento? – Jesus a respeito de João Batista.

Ele sabia que deveria, diante daquele questionamento inicial, tratar a incompreensão das pessoas sobre quem é aquele homem que, mesmo diante de um chamado profético e totalmente distinto na história da Fé, tinha a condição humana presente desde as entranhas.

Com Jesus, as coisas são como são.

Logo em seguida no capítulo, Jesus ainda trata das percepções das pessoas de hoje, como meninos que não se contentam com o que recebem da vida. “...tocamos músicas de casamento e não dançam! Cantamos lamentações e não choraram!” . Vemos em seguida que Jesus demonstra essa marca, a da incredulidade, nas cidades que por isso não escolheram se arrepender, mesmo diante de grandes milagres, condenadas a receber por isso pior juízo que Sodoma ou Gomorra.

Além disso, Paulo cita em uma de suas epístolas (Gl 6:17) que trás as Marcas de Cristo.

E diante de tudo, a percepção mais crua e viva do Evangelho – a Ressureição. Porque o Ressurreto mostra as mãos do Corpo Glorificado e expõe as marcas das mãos e pés dizendo: “Sou Eu”.

Sim. Nós somos nossas marcas. No entanto, essas marcas servem apenas de agentes para um fim que nós podemos usar mediante nosso olhar. É o olhar bom que resolve ver na dor a possibilidade de formar um ‘ente-dor’ que a usa para o Bem. Esse ‘ente-dor’ a vê como forma de identidade nEle. O Deus que escolhe sentir dor, que escolhe, mesmo diante do Corpo Glorificado que recompõem em eternidade o que é efêmero, que torna o corruptível em incorruptível, mesmo assim trazer no corpo os furos e marcas do Amor com que amou. Sem lamentos, sem mágoas. Apenas um testemunho eterno de alguém que escolheu transformar toda dor em Bem.

O Evangelho então se mostra um condutor de vida e Salvação. E a ferida salva, não só para Salvação Eterna como algo distante, mas salvação como saúde Hoje. Um dos significados da palavra salvação no Evangelho é esse. Saúde. O Evangelho nos chama ao ‘encaramento’ da vida com saúde. Saúde no olhar é ver que cada dor tem um componente que, deixando suas marcas, nos dá oportunidade de trazê-las para a vida e para o Grande Entendimento de que, todas as coisas são Bem quando as olhamos com o olhar do Amor daquele que, em tendo sofrido por amor, não se achou um coitado por isso.
Esse é o Chamado. Transforme suas marcas e dores em Bem do Evangelho na Vida.

“Ele levou sobre si nossas dores. [...] O Castigo que nos trás a Paz estava sobre Ele. E por suas feridas, fomos sarados – Isaías 53 (grifo meu).

Que nossas feridas, assim como as dele, nos dêem a saúde / salvação necessária para o real ‘encaramento’ da vida.


Anderson Villaverde.

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