Quem sou eu no Caminho?

Segurança. Essa é a nossa palavra.

O desejo de segurança nos comove a todo o tipo de transformação. Através de tal motivação, todas as nossas relações podem ser transformadas, e porque não, transformamos nossa própria “imagem”.

No último domingo estive reunido com irmãos da Estação do Caminho da Graça de Recife, Zona Norte, onde pude, principalmente, desfrutar de alegres encontros com gente, que como eu, chora, sorri, sonha, entristece, alegra, enfim, vive e se relaciona com outros e com o seu ambiente, buscando ser uma pessoa, um indivíduo nesse mundo.

Diante do Evangelho, podemos dizer que estes que desejam essa identificação, têm suas nuances de personalidade ligeiramente alteradas pelas circunstâncias. Esse é o normal da vida. O meio nos transforma. Mas no que?!

Pensando nisso, compartilhamos de algumas explanações, vídeos e testemunhos, e, com enfoque na indivuduação do discípulo de Jesus, ou seja, no ato de nos tornamos nós mesmos em Deus, tivemos um encontro que nos animou a algumas questões: A quem quero agradar? Com quem quero me parecer? O que estou esperando ou qual expectativa de aceitação tem modificado meu ser diante do mundo?

Estas questões, mesmo sendo tão simples, mostram que nós estamos diante do chamado mais elementar de Jesus para a Caminhada do Discípulo, onde seu primeiro passo é que: “...se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e siga-me”. Esse ente imaginário, essa sombra que nos acompanha, esse tal “si mesmo” que Jesus identifica é algo obscuro se não encaramos a nós mesmos com essas questões: A quem quero agradar nessa vida? O que estou preocupado em mostrar às pessoas como sendo EU?

Segundo Thomas Merton, cada um de nós é eclipsado por uma pessoa ilusória, um falso eu. Esse ente que se intercala entre nós mesmos e o mundo, gerando uma mídia de apresentação que volta-e-meia se preocupa com a percepção da pessoas quanto a ele, gerando todo um desejo de transformismo intelectual, físico e psicológico, quando não espiritual, de modo que, nas palavras do Brennan Manning, “...todos nos admirem e ninguém nos conheça”.

Minha oração é que nós, do Caminho, entendamos que nesse Caminho, que é único a ser feito que é em direção ao Abba de Jesus, nos mostre a verdade de que se a Porta é Estreita, segundo o Senhor, só vai dar para entrar o que for nós mesmos.

Anderson Villaverde

Estação Salvador-Centro / BA