No ano 853 a. C. O rei da Síria, Ben Hadade, reuniu todo seu exército e cercou a cidade de Samaria, capital do reino do Norte. Escassez de alimentos, inflação - a cabeça de um jumento era vendida por 80 siclos de prata, e o esterco de pombas (que era usado como combustível) era vendido por 5 siclos - mesmo assim eram mercadorias difíceis de serem encontradas.
A gravidade da crise atingiu uma proporção tão caótica que a fome gerada por aquela circunstância devastadora levou a que duas mães decidissem comer os próprios filhos
O rei que ao passar sobre os muros da cidade, encontrou uma delas angustiada porque o que havia sido combinado entre elas não foi cumprido por uma das partes.
Enquanto se davam esses acontecimentos, quatro leprosos famintos estavam junto à porta do arraial dos sírios. De repente decidiram entrar, sem se importarem se com esta atitude seriam mortos ou não. Eles entraram na cidade e qual não foi a surpresa deles ao acharem ali prata, ouro, comida e vestes. Diante de tanta fartura comeram até se fartarem. Em um dado momento, entreolharam-se e chegaram à conclusão do versículo em apreço que mais chama a atenção no texto: " não fazemos bem!".
Ao pronunciarem essas palavras, mostraram que suas consciências foram despertadas. Havendo estado famintos e prestes a morrer, mas agora, estando alimentados e diante de tanta fartura, estavam conscientes de que não podiam desfrutar sozinhos de tanta comida, enquanto uma cidade inteira estava perecendo de fome. Eles não foram egoístas!
Aquele foi um dia ímpar na história de homens excluídos, de certa forma, condenados à morte pelas circunstâncias de então.
Se há poucas horas estavam prestes a, sem explicação e sem nenhum mérito da parte deles, foram favorecidos com o milagre da salvação.
Aquele foi o dia em que conheceram a Graça.
Assim sucedeu conosco. Afinal, tal como aqueles leprosos, nós também estávamos perecendo de fome e condenados a morte eterna; sem nenhum mérito da nossa parte fomos favorecidos com a salvação, nossa fome foi saciada e estamos vivendo cada dia na dispensação desta maravilhosa graça!
É dia de Boas Novas. E o que fazer com notícias tão alvissareiras?
Temos o dever humano de anunciar. Subir aos telhados e proclamar que "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões", como disse Paulo aos Coríntios.
E como anuncio? Anunciar as boas novas é fazê-las encher a vida ao redor do cheiro, das riquezas, das características, da natureza, do gosto que as boas novas revelam: Jesus.
Então anunciamos as boas novas todo dia, em cada encontro, em cada bate-papo, nos relacionamentos mais simples e até nos mais superficiais.
Não tenho a pretensão de despertar em nós aquela angustia desesperada que moveu a muitos de nós durante tanto tempo.
No meu caso, jamais diria que essas angústias se davam por algum sentimento de dívida com Deus ou desejo de agradá-lo para por Ele ser bem visto ou bem quisto. No meu entender, o encargo derivava da aceitação do famoso "ide imperativo", de Jesus. Como seu servo, estaria aqui também para realizá-lo. Além disso, havia a sensação de "resgatar" da danação eterna aqueles que precisavam ser "salvos".
Confesso que nunca considerei o bem que o Evangelho faz ao homem e que por isso mesmo já significava uma salvação inexorável, sem lacunas. Confesso que não considerava a paz que a descoberta ou o entendimento de que Cristo já fez tudo, que a morte já não tem poder sobre nós, mas que foi vencida por Aquele em quem cremos e somos feitos vitoriosos com Ele.
A compreensão de que a salvação em Jesus representa e dá real significado à vida é vital para vivenciar, tocar, sentir o que é amor.
Uma questão se nos apresenta: dizemos amar, exaltamos o amor como essência do viver, como mobilizador de nossa práticas e das ações do bem e esse é um discurso coerente com o Evangelho, Ok! Mas e daí?
Pregar sem amor de nada serve, é verdade. Também amar sem pregar e sem anunciar a Palavra de Deus de nada adianta...
Creio que a maioria de nós já fez o que era certo pelos motivos errados. Já evangelizamos e falamos de Cristo a pessoas que tiveram suas vidas transformadas e nossos motivos nem sempre foram tão nobres.
Então se é o amor que aceitamos, se é o amor que reconhecemos como primordial, seja na relação com Deus, com o próximo, com a vida, não é esse mesmo amor o catalizador para o anúncio do Evangelho? Não negamos o amor quando entregamos à sorte o que seria nossa vocação fazê-lo?
ANUNCIAR A BOA NOVA NO MUNDO é algo que faço por Jesus, que ordenou que assim fosse; pelo mundo, que necessita saber da Boa Nova como paz e reconciliação real com Deus; e, por mim mesmo, pois, quanto mais anuncio e me comprometo com o anúncio, mais homem do Evangelho eu me torno em meu ser.
Assim, parafraseando o Apóstolo Paulo: "ai de mim se não pregar o Evangelho";, pois, sabendo o que sei... como viveria em paz se não o dissesse? 1 Cor. 9:16
Assim, o mundo é beneficiado, mas o grande ajudado é sempre aquele que ajuda: "Bem-aventurado aquele servo"... que fizer como o seu Senhor mandar.
Sim! Seja multiplicando o seu talento, seja tratando bem os irmãos e a todo próximo, seja vigiando como virgens prudentes, seja anunciando o Evangelho enquanto se o vive.
Aliás, uma coisa não anula a outra ou substitui a outra, o compromisso é com todas!
Não pregarei por muitos dos motivos de antes. Não pregarei para constituir crédito com Deus, pregarei por que esse é o resultado do amor em mim...
Finalmente, se você entendeu o Evangelho, avalie a sua postura quanto à necessidade ou importância de anunciar ao Evangelho ao mundo.
"Não fazemos bem" se ficarmos calados, fruindo egoisticamente do tesouro e dos alimentos que nos fazem tão bem. Não amamos de fato quanto não contamos aos outros sobre as boas novas.
Os leprosos de Samaria encarnaram o Evangelho quando repartiram e anunciaram aos outros a salvação que lhes foi oferecida.
E você? Essa consciência já lhe despertou?
Romualdo Junior
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